CORUJA
Um rapinante curioso e manso.
De
temperamento tímido,
quietas e discretas, as corujas ficam mansas no
cativeiro,
principalmente se criadas desde filhotes.
Pousam na mão do
dono
e aceitam alimentos dados por ele.
As corujas, mochos e caborés estão colocados
na ordem dos Strigiformes, rapinantes noturnos que chamam a atenção
por causa da cabeça grande, aparentemente maior por causa da plumagem,
grandes olhos fixos, posicionados para diante, à maneira do ser humano
(ao contrário dos outros pássaros que têm os olhos dos lados
da cabeça), ouvidos desenvolvidos que são mais aguçados que
os das outras aves e plumagem macia, de penas fofas e soltas.
A cor da plumagem vai desde o branco amarelado até o
preto, passando pelo cinza e pelo marrom. Estas cores têm a sua
utilidade: ajudam no mimetismo, quando, de dia, a coruja se confunde com os
troncos das árvores e dorme sossegada, invisível para os outros pássaros
que a atacariam imediatamente se a vissem, pois a coruja ataca também a
eles e aos seus filhotes.
As Strigiformes estão divididas em duas famílias
e 126 espécies. Destas, 18 existem no Brasil. Estão espalhadas
pelo mundo todo: há a coruja das neves, branca, que vive no Pólo
Norte, e a coruja das Filipinas, que é pescadora.
Entre nós, são
mais populares a suindara ou coruja igrejeira, que gosta de nidificar nas torres
de igreja ou em casas abandonadas; o caboré do campo ou coruja
buraqueira, que aproveita os buracos de cupim para morar e nidificar; a coruja
do mato, orelhuda, e o caboré.
No norte, a coruja é considerada, mais do que no sul,
uma ave de mau agouro. Mas muita gente pensa diferentemente. Fernando Capocchi
Novaes, um advogado de Santos, SP, diz, por exemplo: "Se são
chamadas de agourentas, é porque eram consideradas os pássaros das
bruxas. Mas os gregos consideravam a coruja como a ave da sabedoria. Isso de
azar é pura crendice popular". Fernando tem uma suindara há 7
anos, um casal de caborés há 4 anos e um mochinho há 3
meses.
A divisão diurna da coruja é igual a dos
outros pássaros: ao contrário do que se pensa, ela não é
cega durante o dia. Ela tem um campo de visão maior que o das outras
aves. Sua pupila se dilata para aproveitar ao máximo a luz, pois ela não
enxerga melhor à noite.
Depois do entardecer a coruja sai à caça. Tudo
o que se move e faz barulho chama sua atenção. Ataca outros pássaros,
gafanhotos, grilos, ratos, camundongos, vive da caça. Na natureza é
útil e necessária para o equilíbrio da ecologia: caça
animais que são pragas nas plantações. Se colocada num silo
de trigo, uma coruja sozinha acabará com todos os ratos que se
aproximarem.
Seus inimigos mortais são os gaviões, as
cobras, os gatos do mato. Mas apesar do seu ar parado, a coruja é muito
esperta para escapar deles. E, além de esperta, atenta: ela tem uma
particularidade interessante, é capaz de virar a cabeça num ângulo
de 180º e de esticar o pescoço para cima. Sua cabeça não
se move, mesmo que movamos o seu corpo, quando ela está prestando atenção
a alguma coisa.
CORUJA: HÁBITOS E CUIDADOS
Vida média: espécies grandes, de
15 até 20 anos. As pequenas vivem menos, mas é difícil
precisar quanto.
Porte: a maior coruja brasileira, o mocho orelhudo, tem 51 cm de altura; a menor, o caboré, tem 17 cm.
Higiene: as corujas não costumam tomar banho, pois se molhadas não podem voar, devido à densidade de suas penas. Mas às vezes gostam de ficar na chuva.
Hábitos: vive à noite, dorme durante o dia, com exceção de algumas espécies que vivem também de dia. Deve ser alimentada à noite.
Acomodações: viveiro grande, um mínimo de 2x3 m individual ou para casal, com uma caixa de madeira com um buraco, onde a coruja possa acomodar-se e nidificar. No chão da caixa, areia e serragem. Poleiro num canto mais sombreado, onde ele possa ficar durante o dia. A coruja não pode conviver com outros pássaros, pois os atacaria, o mesmo acontecendo com corujas de outras espécies: a maior mataria e comeria a menor. Se for um casal, podem ficar juntos. O viveiro também deve ficar longe dos viveiros dos outros pássaros, de modo que estes não vejam nem ouçam a coruja.
Acasalamento e reprodução: na natureza o macho se aproxima da fêmea, com uma presa nas garras. Se ela aceitar o presente, dá-se o acasalamento. A fêmea põe de três a cinco ovos por postura. Tempo de incubação: de 32 a 34 dias. Os filhotes têm uma variação grande para começar a voar, conforme a espécie: de 64 a 86 dias. Em cativeiro a reprodução é difícil.
Observação: a panha e comercialização deste animal é proibida pela lei de proteção à fauna silvestre, Lei nº 5.149. Obtenha maiores informações a esse respeito junto ao IBDF de sua região. Em São Paulo, o telefone é (011) 64-4180.
Saúde: a coruja não transmite doenças.
Matéria baseada em entrevistas
com Carlos
Keller Filho, com o ornitólogo Rolf Grantsau,
da SOB, com o
proprietário de corujas
Dr. Fernando Capocchi Novaes e no livro
"Da Ema ao beija-flor" de Eurico Santos.
Foto: Luiz H. Mendes.
Prop.: Dr. Fernando Capocchi Novaes, SP.
Prop.: Dr. Fernando Capocchi Novaes, SP.
Li-Sol-30
Fonte: