CAFÉ –BIODIESEL
Que tal usar café para abastecer seu carro?
Que tal
tomar um cafezinho e reciclar o que sobrou para ajudar a encher o tanque do seu
carro?
Esta é
uma possibilidade real porque até 20% da borra de café - o que sobra depois que
o café foi coado - é óleo puro.
Óleo de café
O grande
desafio é extrair esse óleo para transformá-lo em biodiesel e garantir que a
produtividade seja constante, independentemente do tipo de café que gerou a
borra.
Isto não
é mais problema, conforme demonstraram Rhodri Jenkins e seus colegas da
Universidade de Bath, no Reino Unido.
Para ter
certeza de que o processo funcionaria com todas as variedades de café, Jenkins
e seus colegas produziram o biodiesel a partir de pó de café produzido em 20
regiões do mundo, incluindo versões cafeinadas e descafeinadas e vários tipos
de cultivares.
Não
apenas o rendimento foi consistente, como a qualidade do óleo produzido é menos
variável do que se esperava.
Na média,
o óleo produzido a partir das diversas amostras continha entre 44 e 50% de
ácido linolênico, entre 35 e 40% de ácido palmítico, entre 7 e 8% de ácido
oleico e entre 7 e 8% de ácido esteárico.
Transesterificação
A equipe
extraiu o óleo do café por meio de um processo chamado transesterificação, no
qual a borra do café é mergulhada em um solvente orgânico, sendo quimicamente
transformada em biodiesel.
"Este
óleo tem propriedades semelhantes às matérias-primas atuais usadas para
produzir biocombustíveis. Mas, enquanto aquelas são cultivadas
especificamente para a produção de combustível, a borra de café é resíduo. Ao
utilizá-la, há um potencial real para produzir um biocombustível de segunda
geração verdadeiramente sustentável," disse o professor Chris Chuck,
coordenador do experimento.
Refinaria
individual
Os
pesquisadores reconhecem que, apesar do potencial da reciclagem, o óleo de café
poderia compor apenas uma parcela pequena da demanda por biodiesel - a produção
mundial de café é estimada em 9 milhões de toneladas anuais, o que representa
um potencial de 1,8 milhão de toneladas de biodiesel.
Contudo,
a grande vantagem é a possibilidade de sua produção em pequena escala, para
alimentar frotas de prefeituras ou entidades que façam o recolhimento dos
resíduos de café, apontam eles.
"Nós
estimamos que uma pequena cafeteria produza cerca de 10 quilogramas de borra de
café por dia, o que pode ser usado para produzir cerca de 2 litros de
biocombustível," disse Jenkins.
Inovação
Tecnologia
Cientistas
da USP produzem biodiesel da borra de café
Cientistas da
USP produzem biodiesel da borra de café
Com
informações da Agência USP - 16/02/2011
O
processo consiste em extrair um óleo essencial da borra de café. Este óleo
mostrou ser uma matéria-prima viável para a produção do biodiesel.
[Imagem: Denise Moreira dos Santos]
Reciclagem do café
Cientistas
da USP demonstraram que é possível usar a borra de café - o que resta do café
em pó depois que ele é coado - para a produção de biodiesel.
O
processo consiste em extrair um óleo essencial da borra de café. Este óleo
mostrou ser uma matéria-prima viável para a produção do biodiesel.
A
produção do biocombustível a partir do resíduo foi testada pela química Denise
Moreira dos Santos, em escala laboratorial.
O estudo
concluiu que a técnica é adequada para a produção do biodiesel em pequenas
comunidades, para o abastecimento de tratores e máquinas agrícolas, por
exemplo.
"No
Brasil, há um grande consumo de café, calculado em 2 a 3 xícaras diárias por
habitante, por isso a produção de resíduo é intensa em bares, restaurantes,
casas comerciais e residências
Óleo essencial
"O
óleo essencial, responsável pelo aroma do café, já é utilizado em química fina,
mas sua extração diretamente de grãos de alta qualidade é muito cara",
conta a professora.
A borra
do café também contém óleos essenciais, que podem contaminar o solo quando o
resíduo é descartado no meio ambiente.
O
processo de obtenção do biodiesel é o mesmo adotado com outras matérias-primas.
"O
óleo essencial é extraído da borra de café por meio da utilização de etanol
como solvente," conta Denise.
"Após a extração,
que realiza uma reação de
tranesterificação com a qual se obtém o biodiesel."
As
características dos ácidos graxos do óleo essencial do café são semelhantes aos
da soja, embora estejam presentes em menor quantidade.
A partir
de um quilo de borra de café é possível extrair até 100 mililitros de óleo, o
que geraria cerca de 12 mililitros de biodiesel.
"No
Brasil são consumidas aproximadamente 18 milhões de sacas de 60 quilos de café,
num total de 1,08 milhões de toneladas, o que irá gerar uma quantidade
considerável de resíduos," aponta a professora.
Pesquisa e educação
"Todo
o experimento para obtenção de biodiesel foi realizado em escala
laboratorial", explica Denise, que é professora do curso técnico de
Química do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETPS), em São
Paulo. "O objetivo da pesquisa é mostrar aos alunos que é possível aproveitar
um resíduo que é descartado no ambiente para a produção de energia".
Segundo a
professora, a implantação do processo de produção do biocombustível em escala
industrial dependeria de um trabalho de conscientização da população para não
jogar fora a borra de café, que seria recolhida para extração do óleo.
"Sua
utilização é indicada para pequenas comunidades agrícolas,
que produziriam seu
próprio biodiesel para movimentar máquinas",
sugere.
Denise
lembra que em algumas fazendas de café, a borra é armazenada no refrigerador
para ser usada como fertilizante. "Entretanto, seu uso frequente pode
fazer com que os óleos essenciais contaminem o solo", alerta. "O
aproveitamento desse resíduo para gerar energia pode não ser uma solução
mundial, mas está ao alcance de pequenas localidades".
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Energia
Casca do café
também é fonte de energia
Com
informações do CNPq - 13/04/2011
Há mais
no café do que o seu sabor, famoso mundialmente: o processamento dos grãos gera
um resíduo que pode ser utilizado como fonte de energia, diminuindo custos e
reduzindo a poluição ambiental.
Potencial energético do café
Durante o
cultivo do café, aproximadamente dois milhões de toneladas de cascas de grãos
são produzidas por ano no Brasil.
Esse
subproduto normalmente vai para o lixo ou é usado para a forração dos terrenos
dos cafezais, restituindo parte dos fertilizantes retirados pela planta.
Mas a
casca do café tem um potencial energético que pode, em alguns casos, torná-la
substituta da lenha, sendo uma opção mais barata e ecologicamente correta para
empresas que usam a madeira na geração de energia.
Suprir as
necessidades desse mercado significa cortar menos árvores e contribuir para a
redução do desmatamento.
Eletricidade da biomassa
Para
otimizar esse potencial, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB),
liderados pelo engenheiro florestal Ailton Teixeira do Vale, fizeram um estudo
para demonstrar a importância dos resíduos agroflorestais como fonte de
energia, tanto para indústrias quanto em comunidades rurais.
"A
casca do café, assim como outras biomassas, pode gerar eletricidade em
termoelétricas, a partir da combustão em fornalhas, gerando energia na forma de
calor, utilizado para a produção de vapor, que por sua vez é utilizado para a
produção de energia elétrica e, em cogeração, outras energias como a mecânica",
explica Vale.
Quando
usada como combustível, a casca do café, assim como outros resíduos
agroflorestais, tem inúmeras vantagens em relação aos combustíveis fósseis.
"Em
primeiro lugar, é um combustível renovável, e os compostos liberados na sua
combustão são sequestrados pelos novos plantios, fechando o ciclo do carbono,
e, portanto, não contribuindo com o efeito estufa. Outra vantagem é a
possibilidade de agregar valor a um resíduo que geralmente é descartado e, com
isso, gerar emprego, renda e desenvolvimento social nas regiões onde a cultura
do café é uma prática", explica o pesquisador.
Combustão, gaseificação e carvão
Espera-se
que os dados obtidos a partir desse estudo possam ser utilizados para melhorar
a gestão dos resíduos provenientes de biomassa e que isso possa abrir a
possibilidade de uso na produção de energia em pequenas comunidades rurais e
nas agroindústrias, a partir da combustão, da gaseificação ou da transformação
em carvão vegetal, assim aumentando sua participação na Matriz Energética Brasileira.
A
agregação de valor ao resíduo, gerando um novo produto, é bem-vinda ao diminuir
a poluição do meio ambiente e possibilitar uma qualidade de vida melhor para as
pessoas envolvidas no processo ou moradoras da região
"Além
de agregar valor ao resíduo, [o uso dessa biomassa] demandará mão-de-obra,
equipamentos, capitais, empresas de serviços e toda uma infraestrutura
administrativa, industrial e comercial, elevando o nível econômico e
beneficiando a sociedade", afirma Vale.
Substituição do petróleo por biomassa
O Brasil
é referência internacional na substituição do petróleo por biomassa, embora o
assunto esteja repleto de controvérsias.
O maior
exemplo é o uso do etanol como combustível para veículos de passeio e de carga
- que tem impactos sobre as terras agricultáveis e desbalanceamento do ciclo de
nitrogênio, além de consumir água demais.
Na
siderurgia, o uso de carvão vegetal na produção de ferro gusa é uma realidade
há décadas - com constantes denúncias de uso de vegetação não-plantada,
principalmente do cerrado.
Outra
frente que tem crescido é a produção de energia elétrica em termoelétricas,
principalmente nas usinas de açúcar e álcool e nas fábricas de celulose e
papel, a partir de resíduos, com unidades movidas a bagaço de cana de açúcar,
licor negro, restos de madeira, casca de arroz, biogás e carvão vegetal.
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