sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

EXTRATO DE GERÂNEO IMPEDE HIV



07/02/2014

Extrato de gerânio impede contaminação com HIV DE GERÂNEO

Redação do Diário da Saúde
    Fitoterápico contra a AIDS? Gerânio impede contaminação com HIV
    O extrato de uma espécie de gerânio inativou o vírus da AIDS tipo 1 (HIV-1), evitando que o vírus invadisse células humanas.[Imagem: Wikipedia/Derek Ramsey]


    O extrato de uma espécie de gerânio inativou o vírus da AIDS tipo 1 (HIV-1), evitando que o vírus invadisse células humanas. O extrato foi tirado das raízes do gerânio sul-africano (Pelargonium sidoides), uma planta medicinal com conhecidos efeitos antibacterianos, expectorante e estimulante imunológico.
    A descoberta de sua ação radical contra o HIV-1 foi publicada na revista científica PLoS ONE por uma equipe do Centro Helmholtz de Munique (Alemanha).

    Os extratos coletados a partir da raiz do gerânio contêm compostos que atacaram o HIV-1, evitando a replicação do vírus em células humanas em cultura.
    O extrato bloqueou a ligação das partículas virais às células hospedeiras, impedindo, de forma eficaz, que o vírus invadisse as células.
    Análises químicas revelaram que o efeito antiviral do extrato de gerânio é mediado por polifenóis.
    Os extratos polifenólicos isolados da raiz do gerânio também apresentaram a atividade anti-HIV-1, mas são ainda menos tóxicos para as células do que o extrato bruto retirado da raiz da planta.

    Fitoterápico contra a AIDS
    "Os extratos da Pelargonium sidoides são uma rota muito promissora para o desenvolvimento do primeiro fitoterápico cientificamente validado contra o HIV-1. Os extratos atacam o HIV-1 com um modo de ação que é diferente de qualquer medicamento anti-HIV-1 em uso clínico. Portanto, um fitoterápico baseado no gerânio pode ser um complemento valioso para as terapias anti-HIV estabelecidas," disse a Dra. Ruth Brack-Werner, membro da equipe de pesquisa.

    "Além disso, extratos da Pelargonium sidoides são fortes candidatos para melhorar as opções terapêuticas anti-HIV-1 em contextos de recursos limitados, uma vez que eles são fáceis de produzir e não necessitam de refrigeração. Os resultados do nosso estudo e a segurança comprovada dos extratos de Pelargonium sidoides encorajam seu teste em indivíduos infectados com o HIV-1 como o próximo passo," concluiu a pesquisadora.

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    A INTENSA VIDA SEXUAL DAS PLANTAS

     

    A intensa vida sexual das plantas

    Vegetais competem por oportunidades de acasalamento e ‘escolhem’ seus parceiros sexuais. Artigo de capa da Ciência Hoje mostra como essas estratégias reprodutivas evoluíram ao longo do tempo, gerando flores de cores, formas e cheiros variados. 
     
    Por: Carlos Roberto Fonseca
     
    Publicado em 13/02/2014 | Atualizado em 13/02/2014
     
    As plantas exibem imensa diversidade sexual: em algumas, é possível reconhecer claramente machos ou fêmeas, mas na maioria delas os indivíduos exercem tanto o papel feminino quanto o masculino. (foto: Sxc. hu) 
     
    Em se tratando de sexo, as plantas são escandalosamente liberais. Muitas só fazem sexo consigo mesmas. Outras fazem sexo simultaneamente com vários vizinhos ou com parceiros casuais que vivem a centenas de quilômetros de distância. Em algumas plantas, é possível reconhecer claramente machos ou fêmeas, mas na maioria dos vegetais os indivíduos exercem tanto o papel feminino quanto o masculino.

    Muitas espécies ostentam órgãos sexuais 
    exageradamente avantajados e coloridos, 
    e fazem questão de exibi-los
     
    Algumas plantas, sem nenhum pudor, trocam de sexo durante a vida. Outras são ‘conservadoras’ e se recusam a fazer sexo com indivíduos aparentados, e há ainda as que nunca fazem sexo. Muitas espécies ostentam órgãos sexuais exageradamente avantajados e coloridos, e fazem questão de exibi-los. Mas também é verdade que algumas plantas têm aparelhos sexuais minúsculos ou ocultos.

    A evolução dessa grande diversidade reprodutiva deve-se a intensas disputas sexuais entre os indivíduos. Esses embates vêm sendo confirmados, mas por muito tempo foram desconhecidos – até pelo maior evolucionista de todos, Charles Darwin (1809-1882) – ou contestados. Pesquisas mais recentes constataram não apenas que a seleção sexual é uma força importante na evolução e diversificação das plantas superiores, mas também que a variedade é essencial para o funcionamento de comunidades vegetais na natureza e para atividades humanas, como a agricultura, a jardinagem e as indústrias de madeira, alimentos e medicamentos.

    A chave do enigma 

    Ao elaborar sua teoria da evolução por meio da seleção natural, Darwin enfrentou uma grande dificuldade teórica: como explicar que, além de apresentar diferenças em seus aparelhos reprodutivos (características sexuais primárias), machos e fêmeas exibem óbvias diferenças em outros aspectos de seu corpo e em seu comportamento, chamadas de características sexuais secundárias?

    Por que os leões são maiores que as leoas? Por que pavões machos exibem plumas longas e ornamentadas, enquanto as fêmeas dessas aves são basicamente cinzentas? Por que os alces irlandeses machos, extintos na última era glacial, exibiam galhadas de até 3,5 m, inexistentes em fêmeas? Por que os sapos machos cantam e as fêmeas se calam? Para Darwin, a seleção natural, por agir de modo semelhante nos dois sexos, não podia explicar a evolução das características sexuais secundárias. Afinal, machos e fêmeas em geral vivem no mesmo lugar e sob o mesmo clima, comem a mesma comida e são atacados pelos mesmos predadores e parasitas.

    Darwin reconheceu dois principais mecanismos de seleção sexual:
     ‘competição entre machos’ e ‘escolha pelas fêmeas’
     
    O conceito de ‘seleção sexual’ foi a chave encontrada por Darwin para resolver o enigma. Segundo ele, a seleção sexual seria a “vantagem que certos indivíduos têm sobre outros indivíduos do mesmo sexo e espécie exclusivamente em relação à reprodução”. Esse conceito, embora proposto por Darwin em 1859, no livro A origem das espécies por meio da seleção natural, só seria discutido a fundo por ele em 1871, no livro A origem do homem e a seleção sexual.

    Darwin reconheceu dois principais mecanismos de seleção sexual: ‘competição entre machos’ e ‘escolha pelas fêmeas’. Na competição entre machos, estes lutam entre si, em combates diretos (às vezes mortais) ou por meio de ritualizações (exibições físicas, rituais de cortejo e outras), para ter acesso a mais e melhores oportunidades de acasalar. Na escolha pelas fêmeas, estas comparam a qualidade dos machos disponíveis, com base no aspecto físico ou no comportamento, e escolhem os aparentemente mais fortes ou mais saudáveis como parceiros reprodutivos.

    Esses mecanismos foram descritos a partir de comportamentos de disputas, brigas, cantos, danças, discriminação, gostos e escolhas que pareciam, a princípio, exigir um mínimo de movimentação, capacidade mental e percepção. Assim, embora o conceito de seleção sexual tenha sido um avanço extraordinário para a teoria da evolução, ele ficou restrito ao reino animal. Um século se passou até que a biologia conseguisse aplicar o conceito de seleção sexual às plantas.

    Guerra do sexo 

    Em 1979, um artigo pioneiro – ‘Seleção sexual em plantas’ – foi publicado pela ecóloga norte-americana Mary F. Willson, apontando evidências científicas de que tanto a competição entre machos quanto a escolha pelas fêmeas são importantes forças evolutivas também para as plantas, e que a imensa diversidade de flores decorre desses processos.
    pólen
    Os grãos de pólen levados pelo vento, por insetos ou por outros meios, precisam enfrentar disputas para fertilizar os óvulos. (foto: Sxc. hu)
    O trabalho quebrou a visão ingênua de que plantas da mesma espécie colaboram entre si para reproduzir e competem apenas com as de outras espécies pelos polinizadores.

    A competição evolutivamente importante ocorre entre indivíduos geneticamente diferentes da mesma espécie e, em particular, entre os do mesmo sexo. As outras espécies apenas modificam a arena ecológica onde ocorre o embate evolutivo.

    Quando chega a estação reprodutiva de determinada espécie de árvore, há um conflito aberto por sucesso reprodutivo. Alguns indivíduos, porque são maiores, mais vigorosos e com adaptações que favorecem seu sucesso reprodutivo, conseguirão aumentar a frequência de seus genes na próxima geração. Os menos favorecidos tenderão a ser eliminados pela seleção sexual. Ou seja, a ‘guerra do sexo’ é intensa mesmo entre espécies que não se movem e não têm um comportamento evidente, como as plantas.

    Você leu apenas o início do artigo publicado na CH 311. Clique no ícone a seguir para baixar a versão integral. PDF aberto (gif)

    Carlos Roberto Fonseca
    Departamento de Ecologia
    Universidade Federal do Rio Grande do Norte


     Fonte:
     http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2014/311/a-intensa-vida-sexual-das-plantas