quarta-feira, 13 de março de 2013

FOTOSSÍNTESE - VÁRIOS VÍDEOS





Fotossíntese: ciclo de Calvin




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Fostossíntese C4 - 17 min.

 

Fotossintese- reações de claro e fotofosforilação - 19m



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Reino das Plantas



Como  cultivar um planeta - 59 min.

Li-Sol-30
Fontes: 
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O CONTESTADO e SENTINELA CAPIXABA -- Barra de São Francisco




HINO - BARRA DE SÃO FRANCISCO
Municípios Capixabas -- Barra de São Francisco 17 min. 

Conheça este município  
que tem o início de sua história marcado por uma guerra
 e que hoje tem como principal atividade econômica 
a exploração de granito. 


Sentinela Capixaba - Barra de São Francisco/ES-10 min.

O documentário "Sentinela Capixaba", 
de Barra de São Francisco, conta a história da Guerra do Contestado,
 uma disputa por terras envolvendo os Estados 
do Espirito Santo e Minas Gerais. 


 Oficineiros: 
Felipe Corrêa e André Cavalcante

 Viajando por todo Brasil- Barra de São Francisco - 4 min.

Morro da Torre - Barra de São Francisco.

A história do diplomata da guerra do Contestado:

 Floriano Rubim Rogério Medeiros

Na época, coube a um simples tenente da polícia militar. Floriano Lopes Rubim, a missão mais inteligente do contestado(uma luta por território que houve entre Espírito Santo e Minas Gerais numa área situada no norte do Estado), onde diariamente ações militares matavam policias e civis. Através da não agressão ele restabeleceu o diálogo de tal forma que surgiu depois uma solução que permitiu o Espírito Santo reconquistar 10 mil e 500 quilômetros.

 

 Dialogando com adversários, persuadindo a população de tomar a cidadina capixaba, ocupando espaços próximos a fronteira estabelecida pelo Serviço Geográfico do Exército, conseguiu outro clima para a discussão do problema e estabelecer a paz. Reconhecidamente foi o grande negociador do contestado. "O segredo dele foi o de fixar a jurisdição do Espírito Santo sem violência, porque de espingarda na mão até aquele momento não havíamos conseguido nada.

 

 Após essa missão, também difícil que obrigou-o muitos anos a viajar somente em lombo de animal, foi contemplado com um mandato de deputado estadual. E na Assembléia Legislativa deu face jurídica e legal a todas aquelas localidades que fundou e percorreu estabelecendo a ordem, validando municípios e distritos através de projetos de lei. Depois alcançou vôos mais altos: deputado federal e senhor absoluto do PTB, quando então sentiu os impactos da vida política. Eu foi i encarregado de fixar as jurisdições do Espírito Santo sem violência. Buscou entendimentos para substituir a espingarda como instrumento de conquista. Para isso teve que visitar as famílias e persuadir alguns valentões ao desarme. A missão dele foi no Carlos Lindenberg. Vendo agravava-se a situação no contestado, Carlos sentiu necessidade de buscar uma solução.

 

 O contestado era uma área de 10 mil e 600 quilômetros quadrados no Norte do Estado, que compreendia de Nova Venécia, Norte de Colatina e Conceição da Barra, para cima, quer dizer, para as divisas de Minas Gerais e da Bahia, que por Ter estado muito tempo longe da esfera de ação do governo do Estado, ficou marginalizada. Essa situação permitiu a consolidação por lá de pessoas aventureiras que desejavam viver na marginalidade e na ilegalidade com vários objetivos.

 

O econômico, a impunidade de crimes atraiu também outros que cometiam crimes em seus lugares de origem. Como o contestado não era terra de ninguém, era uma zona despoliciada, não havia propriedade legalizada, porque persistia a disputa pelo território entre Minas Gerais e o Espírito Santo. Era, portanto, um paraíso para aqueles que desejavam viver na marginalidade, ou tinham vocação para essa vida. Ele chegou quando a disputa entre o Espírito Santo e Minas, por essa faixa territorial, estava no seu maior acirramento. A coisa nascia basicamente pelo entendimento que um Estado tinha diferente do outro com relação a serra dos Aimorés.

 

Os mineiros achavam que a serra dos Aimorés era um série de pontões que se destacavam da serra do mar, naquela região: e o Espírito Santo achava que a serra dos Aimorés eram as cabeceiras dos rios, as vertentes das águas que corriam para o Espírito Santo.

 Os mineiros insistiam em dizer que a serra dos Aimorés eram uns pontões que passavam em Águia Branca. Paulista, em Barra de São Francisco, ao lado de Nova Venécia e prosseguia pela região de montanha baiana, cortando aquilo tudo. Essa questão foi ajuizada pelo Espírito Santo, muitos anos antes e Rui Barbosa foi o nosso advogado. Defendeu mal os nossos interesses, deixando uma divisa meio híbrida, que criou toda essa confusão, motivando o que se chamou contestado. Contestado passou a ser então essa região, dadas as dificuldades que a Justiça teve de localizar a serra.

 

Outro grande responsável pela situação do contestado foram os governos do Espírito Santo que ocuparam o nosso território com muita lentidão.

 

A gente podia estar hoje nas cabeceiras. Não teria Mantena em poder dos mineiros e mais aquelas cidades das cabeceiras dos rios. Nada daquilo. Iríamos até para cima de Teófilo Otoni, onde é exatamente a cabeceira do rio Cricaré, ou São Mateus. Nossa divisa era para ser lá. Então Minas que sabia que esse e outros locais desse território, não lhes pertencia, começou a prestigiar bandidos como Fernandinho que se proponham ir para a região, naturalmente com os seus objetivos de enriquecimento.

 

O Espírito Santo tinha, na ocasião, na região, uma jurisdição muito fraca, muito insegura em São Francisco, que ainda era distrito de São Mateus. Gabriel Emílio que hoje é Mantena, era um povoado, nem distrito era ainda. Depois havia São José, que era uma igrejinha e umas casinhas, não tinha também mais nada. Ainda havia um lugar chamado Ariranha, um povoadozinho a margem do rio Cricaré. São Mateus do Sul.

 

Acima de Ariranha havia um lugarzinho chamado Amentista, que era também uma casinha de escola e uma igrejinha e não havia mais nada. Em São João do Manteninha, também ocorria a mesma coisa. Em Gabriel Emílio tentaram pôr uma Escola e não conseguiram. Em São Francisco tinha pouca coisa. Mais além, lá pelos idos de 46, a coisa agravou muito. Se agitou. O Jones dos Santos Neves, que era então o interventor procurou os jornais do Rio de Janeiro e advogados para nos defender. Porém, na ocasião, não encontrou ninguém que quisesse defender o Espírito Santo. O único jornal que nos acolheu naquela ocasião foi o do Carlos Lacerda. O único, portanto, que escreveu alguma coisa em favor do Espírito Santo foi o Carlos Lacerda.

 

O nosso João Calmon, com a sua rede dos Diários Associados, a mais poderosa da época se recusou a defender os nossos interesses e se posicionou ao lado de Minas Gerais dizendo que aquilo era de Minas Gerais mesmo. Lacerda cobrava Cr$ 400 mil por artigo.. Então quando o Carlos Lindenberg assumiu o governo, os mineiros iniciaram na região uma onde de violência, ocuparam escolas, incendiaram escolas, queimaram um cartório em Amentista.

 

 Era a polícia militar mineira prestigiando Fernandinho. Porém, a posse de Carlos Lindenberg, no governo do Espírito Santo coincidiu com a de Juscelino em Minas Gerais.

 

 Fernandinho que era correligionário de Juscelino, foi prestigiado recebeu contingentes policiais para ficar à sua disposição e para fazer todas essas coisas. E fez essas violências. Elas recrudesceram a tal ponto que mataram gente de nossos destacamentos. E os nossos soldados, pela diferença numérica, só tinham duas alternativas: morrer lutando na região ou correr. Então aqueles que achavam mais prudente a retirada, iam desocupando o território para os mineiros. Mas a coisa agravou mesmo quando mataram o cabo Eliseu Divino, em Água Doce.

 

Era um militar equilibrado, um homem que mantinha a autoridade, sereno, cumpridor dos seus deveres. Foi assassinado friamente dentro de sua casa quando estava lavando o rosto.

 

Esse episódio levou o Carlos Lindenberg a tomar uma atitude. Mandou que o comandante da Polícia Militar selecionasse um contingente com soldados escolhidos para ir para a região e colocou no comando desses soldados o capitão Josias Aguiar, que era seu parente e trabalhava na Casa Militar, tendo escolhido Floriano como seu imediato. Ele foi para São Francisco mas já logo em Águia Branca sentiu as dificuldades da região, não dava para chegar ao destino pretendido, o que foi feito depois com muita dificuldade. Era um contingente militar de 409 homens. Organizaram um esquema que para cada um desses lugares. Assim ocorreu com Água Doce, Santo Agostinho, Amentista. São João de Manteninha, Limeira. São José e também Cachoeirinha, São Francisco. Prata dos Baianos.

Santa Rita. Ribeirãozinho. Cotaxé, eram os maiores focos da agitação promovida pelos mineiros. Prepararam um mapa da região, para cada lugar desse contra com um oficial graduado. Chegaram certos que iam encontrar a resistência do Fernandinho, que era o senhor todo poderoso das forças de ocupação. E encontraram realmente resistência. Nessa ocasião éram ele e Josias, mas depois mandaram buscar oficiais para ajudar no comando, que foram os tenentes Euripedes Andrade, tenente Ivo e o Tenente Dudu. Logo Floriano se mudaria para São Francisco, o mesmo tendo ocorrido com Josias.

 A supervisão de toda a região ficou a cargo do Floriano, tomando como princípio básico de ação na região a não violência. Essa estratégia de não violência determinou uma mudança na expectativa da região. Havia uma impressão, que logo se apagou, que as tropas capixaba somente iriam espancar. Repararam logo as injustiças que os soldados mineiros já haviam feito. Geralmente não eram violências de frentes. Eles matavam muito na tocaia. Incendiavam as casas à noite, a fim de se esconder sempre a presença da polícia. Com o critério capixaba, a primeira simpatia ganha foi da população da área conflagrada.

 

 A partir desse ponto o Espírito Santo passou a exercer influência benéfica na região. Foram criadas escolas e postos de saúde por toda parte. Para uma idéia melhor da região, basta dizer que Barra de São Francisco, hoje uma cidade importante do Estado, tinha casebres apenas.

 A prefeitura funcionava numa tapera. Eram 30 casas modestíssimas. Não havia luz elétrica e as repartições funcionavam em casas particulares. A polícia, nessa época, fez várias estradas, algumas delas dirigidas pelo próprio Floriano. Eram todas com a intenção de forçar a penetração capixaba e instalar o mais que pudesse gente na fronteira com Minas Gerais. Mas tudo era feito de São Francisco para cima a cavalo. No lombo de um animal, Floriano corria a área toda. As vezes, andava 108 léguas, correndo tudo que estava sob a sua jurisdição, embora contestado pelos mineiros. Ele saía de São José, Mantenópolis, que era uma mata só. São João de Manteninha.

 

Amentista. Limeira. Itabirinha. E dali saía para Peixe-Boi. Cibrão. Ribeirãozinho. Prata. Santa Rita. Ia até Mucurici e de Mucurici saía em Pavão. Nova Venécia e São Francisco. Fazia esse percurso em 40 dias. Levava somente um soldado com ele, exatamente o meu ordenança. Carregava também viveres, enlatados nos alforjes, para Ter o comer. Ia restabelecendo a ordem, vendo a ação do destacamento e fazendo também palestras para a população. Foram quatro anos fazendo esse trabalho. Levou para a região os melhoramentos necessários.

 

 Transformando os ramais dos madeireiros em estradas, estabeleceu, em verdade, as verdadeiras fronteiras pela ocupação.

 

 E assim foram recuperados esses 10 mil quilômetros quadrados para o Espírito Santo. Em seguida o Estado concordava com um outro limite, fixado pelo Serviço Geográfico do Exército, que apenas reconheceu, pela ocupação aquelas cidades que estavam nas cabeceiras dos rios, como sendo de Minas Gerais. O objetivo, naturalmente era fixar essas fronteiras. Em decorrência disso, ele fundou Mantenópolis. São Geraldo e Itabirinha, que realmente devia nos pertencer, mas houve um defeito no mapa do Espírito Santo do Cícero Moraes; O dr. Cícero simplesmente omitiu uma parte do rio Itabirinha. Não tem no seu mapa. Com isto, o Espírito Santo perdeu uma área de 1.500 quilômetros quadrados, que é um paraíso.

 

O que é pior, Floriano havia conquistado afetivamente todo esse vale. Percorreu aquilo de palmo a palmo, de casa em casa. Descobri o João Corcino perdido no alto desse vale. O dr. Cícero deu como cabeceira desse rio a serra onde ele despejava. Omitiu dali a sua cabeceira consequentemente todo o vale. Ele teve, o que era impossível, um contato com Fernandinho.

 Houve uma ocasião em que o Carlos Lindenberg mandou criar um posto de fiscalização no Alto de São José. A cidade de Mantena era servida por uma estrada que vinha de Conselheiro Pena, e virada na Serra era obrigada a passar no Alto São José. Um posto ali, iria naturalmente, cercar toda aquela produção clandestina do Fernandinho.

 

Minas sabendo da nossa intenção mandou um batalhão reforçar o destacamento de Mantena, com a missão de impedir a instalação do nosso posto. Eram 86 homens, comandados por quatro oficiais. Floriano foi estabelecendo posto fiscal. No dia do seu funcionamento chegou a notícia que caminhava em nossa direção um contingente mineiro. Ele estava somente com sete soldados e dois graduados. Mas contavam com armamento relativamente bom, muita munição também. Se entrincheiraram, cavaram trincheira. Que protegia o posto, e a estrada que vinha na sua direção. Na estrada ficou Floriano com o sargento Mauro, a pretexto de dar assistência ao funcionário da Secretaria da Fazenda, que estava ali se instalando. Nisso chegou o contingente mineiro. Inevitavelmente houve a discussão. Comandava o contingente o major Jupiter.

 E a discussão prolongou-se. Floriano dizia ao major mineiro que estava cumprindo ordem do meu governador e iria até o fim. Quando viu, depois de mais de quatro horas de discussão, que eles estavam mesmo dispostos a impedir a instalação do posto, Floriano deu uma cartada de mestre: dizendo aos oficiais mineiros que iria morrer mas nenhum deles escapariam. Se estão entendendo que eu estou aqui só, estão enganados. Eu estou com os meus soldados entrincheirados e com ordem para o primeiro disparo varrer vocês a metralhadora. Eles perceberam, finalmente, que a coisa era séria. Em seguida, Floriano chamou o fiscal e mandou o posto funcionar. Por sorte a não passou nenhum caminhão com mercadoria.

 

No fim, já de tardinha, o Júpiter, teve o bom senso de propor o seguinte: quem mandou instalar o posto foi o meu governador, quem mandou impedir foi o dele, o assunto seria dessa forma, da alçada deles, eles é que deveriam resolver. Quanto a nós, instalaria o posto, cumprindo a minha missão. Mas o posto não funcionaria até que os dois governadores resolvessem. No outro dia à tarde, chegaram os secretários do Interior e Justiça e da Fazenda de Minas Gerais e mais o coronel Altino.

 

Mandaram dizer que desejavam um encontro com Floriano em Mantena. Ele foi ao encontro somente na companhia do tenente Eurípedes Andrade. Chegando lá, fomos introduzidos numa sala da prefeitura, preparada para este encontro.

 Depois que nós estavam reunidos, chegou o Fernandinho, foi quando Floriano fui finalmente apresentado a ele. Chegou acompanhado de um juiz de direito Onofre Esteves, que embora capixaba, era juiz lá. Era a autoridade que autorizava todas as violências praticadas pelo Fernandinho. A discussão sobre o posto se prolongou o dia todo e nada de se encontrar uma solução. Passaram radio para o governador Carlos Lindenberg e eles para o Juscelino.

 

Não chegaram a nenhum entendimento no primeiro dia. Veio o segundo. E no segundo, numa das nossas conversas, Floriano usou um termo maçônico. O coronel perguntou dentro da terminologia, maçônica, se Floriano era maçom. Ele respondeu também dentro da liturgia maçônica. O resto do pessoal da reunião, não entendeu nada.

 

O coronel mineiro levantou e disse: "Todo desentendimento no contestado encerra aqui, daqui em diante vai haver a paz de qualquer maneira, daqui em diante eu e o Floriano vamos resolver todos esses problemas. Fernandinho ainda quis falar, mas ele mandou o homem calar a boca, dizendo que não tinha que dar palpite nesses assuntos. Mandou botar o Fernandinho e o juiz para fora da reunião. Ficaram ele, o Floriano e o Eurípedes de Andrade, o coronel Altino, major Júpiter e os secretários. Os secretários se retiraram logo.

 

Ficaram Floriano e o Altino. E aí acertado tudo. Floriano mostrou tudo que havia de errado feito por Minas Gerais e que era necessário consertar.

O Altino apresentou depois a coisa que achava que estava errada do nosso lado. Depois disso, houve consulta para tudo que era lado. De acordo com um memorandum nosso, fizemos uma linha divisória no mapa. Vimos que caberia a Minas. E essa linha foi homologada mais tarde pelas duas Assembléias Legislativas, estando Magalhães Pinto no Governo de Minas Gerais e Francisco Lacerda de Aguiar no nosso. Nessa hora que entra a falha do mapa do dr. Cícero fazendo a gente perder o território aludido lá atrás. Minas. Inclusive, percebendo o erro que o dr. Cícero cometeu no mapa, acelerou a estrada de Mantena para Governador Valadares para ocupar o Itabirinha.

 

Com isso, foram também no pacote São João de Manteninha e Amentista que também nos pertencia. Voltando um pouco atrás: logo que Floriano entrou para o contestado com a sua política de apaziguamento e conquista afetiva do território, Fernandinho ficou inconformado. E começou a usar todos os processos possíveis e imagináveis para que isso não se desse realmente. E começou a botar tocaia por toda parte em que Floriano andava. Um determinado dia, quando ele cheguei duma dessas viagens, encontrou em sua casa um velhinho, que já estava lá. Inclusive, há vários dias. Quem é o senhor, o que deseja de mim? Indagou ao velho Floriano. Vou contar a coisa e depois vou dizer quem sou eu. Contou que estava em Mantena e ouviu uma conversa, como citaram o nome dele, e disse que o conhecia desde que ele nasceu.

 

A conversa era a seguinte: O Fernandinho soube que ia a Itabirinha para resolver uns problemas que haviam surgido lá. Ele contratou três jagunços, daqueles que não falhavam mesmo, e os colocou no trajeto onde eu iria passar. Para se ir a Itabirinha, havia dois caminhos. Mas o de Floriano era sempre o que ia de Aririnha, passando pela serra de Limeira e virando para Itabirinha. Era inclusive, o mais curto. Depois dessa notícia, Floriano saíu de São Francisco com o meu ordenança, como de hábito. Sabia que eles estavam escorando ele numa subida muito íngreme que havia em determinado lugar da estrada. Ficou emocionado quando o velhinho disse chamar-se Altino Vitorino. Um homem que na terra de origem de Floriano, Alegre, ajudou a criá-lo. Tomou medidas de resguardo embora iniciasse a viagem para Itabirinha, apenas com o seu ordenança.

 Os mineiros seguiram os seus passos. Ele chegou em Ariranha e pegoui o sargento Chico Preto, uma figura lendária da Polícia Militar pela sua coragem e valentia. Eu tinha pedido ao Chico para pegar também o soldado Maxixe. E lá também tinha outro bom soldado, Cândido Leandro de Faria, portador de uma coragem imensa. tinham idealizado uma tática: quando pegasse a barra do rio Itabirinha, ficariam embaixo com os animais e eles saíam com dois deles pela direita e os outros dois pela esquerda com muita cautela para não serem ouvidos.

 E abordar os bandidos por cima. E todos eles com metralhadoras stand, que era uma beleza de arma. E assim aconteceu.

 De fato, eles abordaram os bandidos pelas costas que já estavam com as Wenchester preparadas nas forquilhas. Descontraídos, fumavam e conversavam. Quando o nosso pessoal chegou bem em cima, meteram a metralhadora nos homens e prenderam. Floriano tinhadito a eles que evitassem atirar porque precisava dos bandidos vivos. Mas como Chico Preto se encontrava com uma perna machucada foii obrigado a encarregar o soldado Maxixe que conduzisse os tocaeiros a Barra de São Francisco. Floriano autorizou, inclusive, que os conduzissem amarrados. Floriano prosseguiu a sua viagem para Itabirinha, onde habitualmente era recebido com festa. Fiz segredo do incidente.

 

Na volta procurou os homens em Barra de São Francisco, mas não os encontrou. Voltou a Ariranha para saber o que tinha havido. Maxixe então contou que, num determinado trecho da estrada, os bandidos fugiram, mesmo amarrados, e foram alvejados. Morreram e foram enterrados `a margem da estrada. Há ainda um episódio em Joerana também muito importante. Joerana era um distrito nosso que ficava do lado do Cotaxé, do rio Cotaxé na verdade São Mateus do Norte. Era a caminho de Teófilo Otoni. Essa localidade ficava dentro desse mapa do Serviço Geográfico do Exército. Floriano foi lá para estabelecer a nossa ocupação e também levar o serviço médico e outras coisas. Levou um grupo grande com ele, inclusive o dr. Merçon, que já era médico em Barra de São Francisco. Combinou com um elemento de lá, que era vereador de Minas Gerais. Combinado o dia, segui para lá.

 

Quando chegous em Novo Horizonte, outro distrito que eu também foi criado por ele, tinha um tal de Manuel Miranda, muito amigo dele, que tinha sido o nosso elemento para ir a Joerana, que era Ataléia dos Mineiros, fazer uma aproximação em nosso favor. Esse camarada traiu. Mas enquanto não descobriram, acreditavam no trabalho dele. Floriano dormiu em Itabirinha e no dia seguinte cedo fez uma marcha esticada 14 léguas. Subiu o rio Itabira todo até em cima e virava para Peixe Branco. Chegando no Peixe Branco, onde íria pernoitar, ficou na casa de um grande fazendeiro. No dia seguinte, seguimos para Joerana. Quando chegou na vila, procurou um hotelzinho que tinha lá. Mas o dono desse hotel, aliás o único da localidade, recebeu dizendo que não havia lugar para nos hospedar. Retrucou que tinha que ficar lá mesmo nem que fosse para dormir na sala. E foram ficando, apesar do proprietário do hotel mostrava-se apreensivo. Senti que as pessoas da casa estavam ressabiadas.

 

Ninguém queria conversar conosco, estávamos realmente isolados quando não era essa a recepção que estávamos imaginando... Nisso chegou o prefeito da cidade com um contingente policial grande intimando para desocupar a cidade. Floriano ponderou que não era possível, estava no Brasil e mostrou a a sua documentação de brasileiro, garantindo o seu trânsito em território nacional. Além do mais, eu era um oficial da Polícia do Espírito Santo. E reafirmou a crença na constituição que lhe dava o direito de andar em qualquer parte do território nacional. Que não era ladrão, não estava ali para cometer crime.

 

Queria comunicar a eles que dormiria naquele hotel, nem que fosse na sala. E adverti que se eles tinham alguma coisa para dizer, podiam dizer porque dali não ía sair. Nisso o seu ordenança, Wilson sair de fininho. Dali foi lá no cavalo pegou o alforge e botou nas costas e foi subindo um morro.

A soldadesca mineira, tendo à frente um oficial negro, um tal de Capitão Randolfo, muito ignorantão, mantinha a discussão acesa com Floriano. Vendo Wilson desaparecer, ficou tranquilo porque sabia que ele iria preparar a resistência. Era um soldado inteligente e corajoso, que já havia dado demonstração disso em outras circunstâncias também de muito risco. Sabia que ele havia preparado já segurança. O capitão mineiro insistia com Floriano para desocupar a cidade, enquanto novamente ouviu do oficial capixaba argumentos de brasilidade. A discussão foi pela noite a dentro.

 A população da cidade toda rodou o incidente na porta do hotelzinho ficou assistindo ao espetáculo. A rua já estava cheia, mas era o povo que apoiava o prefeito, eleito pela UDN e PR. Daí a pouco, eu Floriano o tropel, toc, toc, toc... uma nuvem de poeira... era o PSD que estava entrando na cidade. Um grupo numeroso armado até os dentes. Era uma multidão de mais de 500 homens. Um negócio sério. Foi chegando para perto da outra multidão, bem menor naturalmente. Saltou um rapaz moreno que era o vereador da região pelo PSD. Esse vereador ao saltar do cavalo, empurrou o prefeito e o capitão mineiro: "Abre caminho"- disse ele, malcriadamente. E para mim, falou: "Tenente, o senhor não está só em nessa terra. O senhor é nosso hóspede e tem a nossa cobertura. Estou aqui com 500 homens armados. É só o senhor comandar. Diga só que quer que eu faça.

  Esse prefeito não representa nada para nós, muito menos esse oficial. Se quiser depor o prefeito vamos depor agora, esse capitão a gente pode dar um fim nele agorinha, não existe polícia aqui para nós". De repente vejo Wilson levantar a cabeça de cima do morro, no meio dum ninho de metralhadora. Foi um alvoroço danado. Se quisesse tomar conta da cidade, Floriano teria tomado aquela hora. Mas não tinha ordem do governador do Estado para fazer aquilo.

 

Se o fizesse saberia que depois os governos teriam que discutir apenas uma bravata sua. Surpreendeu a todos dizendo que não estava ali para ocupar a cidade, depor prefeito, prender autoridades, estava em missão de paz e estava trazendo homens pacíficos como o dr. Merçon, chefe do Serviço de Saúde, e os enfermeiros para instalar o posto de saúde e estudar a possibilidade de colocar também um destacamento. Não trouxe o destacamento, mas é uma possibilidade que desejo estudar com a população. Isso é jurisdição do Espírito Santo -disse. Mas ocupar e depor prefeito, não era o desejo do governo capixaba.

 

A luta passou a ser para conter o pessoal do PSD para não iniciar uma luta ali. Mas eles, felizmente, dominaram a cidade, de uma maneira tão completa que o prefeito se apavorou e daí a uma hora não tinha mais ninguém dele na rua. Eles desapareceram da cidade.

Amanheceram donos da cidade, quando houve até festa.

Os governos se manifestaram. O nosso deu ordem para não ir além do rio Cotaxé. Como não podiam ocupar aquele lugar, Floriano trouxe todo o distrito de lá e instalou em Joerana. Assim nasceu Joerana.

 

Floriano foi, de verdade, o grande diplomata do norte capixaba, que mais tarde haveria de contemplá-lo com mandatos de deputado estadual e federal. Tornou-se uma legenda viva na região.

 Li-Sol-30
 Fontes:
alescomunicacao 
Enviado em 23/11/2011
Felipe CorrêaFelipe Corrêa 
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 http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/reportagens/rogerio/report36.asp