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Cercas vivas multifuncionais
Quais são as plantas que podem ser aproveitadas
como cercas vivas e suas vantagens?
por Glaucia Santana, Faxinal (PR)
Unir o útil ao agradável é uma combinação possível ao adotar cerca viva em propriedades rurais, como sítios, chácaras e fazendas, ou até mesmo em jardins de residências, escritórios, praças e outros lugares públicos em áreas urbanas. Além das diversas funções às quais pode ser aplicada, a cerca feita de plantas ainda empresta efeito paisagístico e charmoso ao ambiente onde está instalada.
Densa, com muitos ramos e folhagens, ou formada por mourões vivos, nos quais se fixam arames e telas, a cerca viva é usada para proteção, divisão de espaço e ornamentação. Também tem a vantagem de ser uma alternativa barata em substituição a muros de concreto, grades, cercas de arame ou madeira e alambrados. Algumas ainda possuem qualidades forrageiras, apícolas e medicinais. Contudo, tanto a eficiência da função quanto a beleza da estrutura e porte de uma cerca viva dependem da espécie escolhida e dos cuidados dedicados à cultura.
Na implantação de uma cerca viva, é importante levar em consideração o objetivo de seu uso e as características do local, para facilitar a adaptação da cultura. Descarte opções que não se adequam ao solo e clima da região, a fim de evitar dificuldades no desenvolvimento das plantas. Também é indicado avaliar se o tamanho e o tipo do terreno comportam a plantação ou se oferecem algum risco.
As raízes do fícus, por exemplo, crescem a ponto de prejudicar pisos, paredes e outras estruturas, inclusive encanamentos que ficam por perto. Embora necessite de podas regulares, o sansão-do-campo contém muitos espinhos, dificultando o manejo ou o uso como forragem. A murta, cujas folhas verdes e brilhantes valorizam o lado decorativo da planta, é hospedeira do inseto transmissor da doença greening, uma das grandes ameaças aos pomares de citros, o que restringe a instalação próxima desses cultivos.
Há muitas espécies de plantas disponíveis para ser adotadas como cerca viva (confira as mais comuns na tabela). Algumas são mais propícias para decorar o ambiente, além da função natural de separar uma área, formar uma barreira visual ou impedir a passagem de ventos fortes, entre outras utilidades. Elas são até boas para camuflar áreas de serviços, como casas de máquinas, pequenos depósitos, composteiras e lixeiras. Buxinho, hibisco, hortênsia, alecrim, azaleia, bambu e cedrinho compõem parte das opções existentes no mercado, especialmente para cercas densas.
Dotada de espinhos e de flores brancas, a sansão-do-campo é outro exemplo de cerca viva que oferece segurança e embeleza o local. Vai bem em sítios, fazendas, loteamentos, colégios e casas. Com troncos grossos, tem estrutura fechada que pode chegar a 3 metros de altura, como se fosse um grande muro verde. Por contar com madeira resistente e durável, a planta é muito procurada por fazendeiros interessados em mourões, gerando uma produção alternativa e perene, uma vez que a espécie rebrota após a realização de cortes.
O flamboyãzinho, empregado principalmente na arborização de parques, jardins e ruas, tem arbusto lenhoso, ereto e com espinhos – que também atinge de 3 a 4 metros de altura. Cultivada em pleno sol, a flor-leopardo possui flores em tons amarelo e laranja e pode ser plantada em todo o território brasileiro.
Em pequenas, médias ou grandes propriedades rurais, os mourões vivos de espécies arbóreas são considerados uma excelente opção. Ao substituir madeira serrada ou concreto na fixação de arames e telas, as árvores agregam benefícios econômicos e ambientais. De custo baixo para os produtores, duram bastante e podem fornecer lenha, forragem, frutos, adubo verde, néctar e produtos medicinais. As criações ainda podem aproveitar as sombras oferecidas pelas plantas.
Existem mais de 500 espécies adequadas para a implantação de mourões vivos em regiões tropicais. Porém, as mais destacadas são as que apresentam as seguintes características:
• crescimento rápido;
• facilidade em reproduzir-se por estacas e com bom enraizamento;
• rapidez ao rebrotar depois da poda;
• ausência de problemas de pragas e doenças;
• outros benefícios, como frutos, madeiras, lenha e forragem.
Na condição de ser vivo, cada cerca viva exige cuidados de manutenção que incluem de replantios e podas a irrigações e limpeza. Em se tratando de mourões vivos, também deve ser verificado se os arames, passados pelos troncos, estão causando danos às árvores.
PLANTIO POR ESTACAS OU MUDAS
O plantio de mourões vivos pode ser feito por estacas, desde que seja realizado em época adequada, tanto para evitar podridões quanto ressecamento. As estacas devem ser obtidas de ramos retos, livres de rachaduras, com mais de dois anos de idade, de árvores vigorosas e sadias.
Use estacas com diâmetro basal entre 5 e 15 centímetros e com 2 a 2,5 metros de altura. Na parte de cima, faça um corte em diagonal (bisel), para impedir o apodrecimento das pontas na época das chuvas, devido ao acúmulo de umidade. Ao cortar as estacas, evite choques e feridas na casca, senão aumentam os riscos de ataques de pragas e enfermidades.
Para um bom pegamento, as covas devem ter 40 centímetros de profundidade e de 15 a 20 centímetros de largura. Após um ano de plantio, quando as plantas já estão bem enraizadas, fixe o arame nos mourões vivos, sem grampeá-lo. Amarre-o com arame liso mais fino, com sobras para ser afrouxado de tempos em tempos.
Para implantar cercas vivas densas, a utilização de mudas é o mais indicado. O plantio no início do período chuvoso assegura alta porcentagem de pegamento. Quanto aos espaçamentos, para mourões vivos, podem ser utilizados os mesmos das cercas comuns. Para cercas vivas densas, podem variar de 20 centímetros até 1 metro, dependendo da espécie e do objetivo do manejo.
CONSULTOR: EMBRAPA FLORESTAS, Estrada da Ribeira, km 111, Caixa Postal 319, CEP 83411-000, Colombo (PR), tel. (41) 3675-5600, sac@cnpf.embrapa.br
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